GeralMountain bikeShimanoSRAMTecnologia

Qual é melhor: Shimano ou SRAM ?

Uma das discussões mais frequentes em todos os círculos de conversa de ciclistas, principalmente entre os mountain bikers: “Shimano ou Sram?”. Bem, hoje vamos responder de forma definitiva (só que não) em qual sistema você deve investir seu rico dinheirinho.

Afinal, qual marca é melhor?

Eis a pergunta de um milhão de dólares.

Em uma resposta curta: depende.
Em uma resposta longa:

A primeira coisa que você deve analisar ao trocar a relação da sua bike é a função que desempenha com sua magrela,

Mas, vamos nos ater às mountain bikes e bikes de passeio.

Trilha, cidade ou os dois?

Tivemos recentemente uma grande mudança na relação de marchas das mountain bikes, passando de sistemas de três coroas para duas coroas e, mais recentemente, para apenas uma coroa, fazendo com que as 27 marchas que tínhamos antes passassem para apenas 12 marchas.

Mas esta mudança não afetou todas as bicicletas do mercado. Ela iniciou nos circuitos profissionais de mountain bike e, aos poucos, foi passando para as bikes de fora – mas o tiozinho da Barraforte continuou com apenas uma marcha.

O que é comumente dito sobre o sistema de 12v é que é melhor para trilhas, pois é mesmo, já que, com uma coroa apenas, isso acaba afetando as marchas de início e fim. Ou seja, as marchas leves e pesadas (com 3 coroas você tem uma marcha pesada “bem pesada” e uma marcha leve “bem leve”).

Em trilhas o fator peso acaba… pesando… bastante, então se livrar do peso de 3 coroas, um câmbio e um trocador, aderindo a um sistema com menor quantidade de marchas acaba compensando. Em trilhas, a velocidade máxima em retas e subidas é muito inferior que no asfalto, então a configuração das 12v acaba se adaptando perfeitamente.

Agora, se você vai usar a bike para o dia-a-dia, para ir trabalhar, carregar compras ou usar na estrada, a falta de marchas mais leves e mais pesadas faz muita diferença – por isso que as bikes de estrada ainda mantêm vivo o sistema de duas coroas frontais.

Orçamento

Fora do Brasil, é bem comum ver ciclistas com diversas bikes, uma pra enduro, outra para estrada, uma pra cross country, uma para ir ao mercado, uma para saltos, e por aí vai. Só que isso demonstra uma coisa: lá fora as bikes e peças são mais baratas (considerando o poder aquisitivo de cada país, claro).

No nosso Brasil Brasileiro, todas as peças de transmissão das bikes são importadas. A SRAM é uma marca dos Estados Unidos, e Shimano, do Japão, o que torna ambas mais caras por aqui. Ou seja: o custo faz com que a quantidade de bikes seja menor, pois não é fácil sustentar tantas rodas.

Vejamos, então, um comparativo de preços de modelos similares das duas marcas (grupos com movimento central, pedivela, coroa, cassete, corrente, câmbio e trocador):

Deore de 12 velocidades
Brasil: R$ 2.300 a 2.500 (em média)
USA: U$D 250 (R$1.390,25)
Europa: EUR 209 (R$1.378,38)

SX Eagle de 12 velocidades
Brasil: R$ 3 mil (em média)
USA: U$D 300 (R$1.670,52)
Europa: EUR 250 (R$1.651,22)

* Comparamos os modelos mais simples de 12v das duas marcas

Funcionamento

Para não sermos injustos, teríamos que comparar os dois sistemas por um longo período de tempo. Eu já uso o NX Eagle há alguns anos e apenas testei os 12v da Shimano no seu lançamento, incluindo o XT, XTR e SLX.

As trocas da Shimano parecem mais “suaves e dão mais segurança mesmo com carga total e na subida, embora no SRAM eu nunca tenha tido nenhum problema em condições similares. Elas só soam mais “brutas“. Mas podemos dizer que temos um empate técnico entre os dois.

O problema de se comparar tecnologias que já estão muito próximas ao topo é que as diferenças acabam ficando apenas nos materiais e durabilidade, comparados aos topos de linha das duas marcas.

Assistência

Aqui mora, talvez, o principal diferencial entre os dois, pois, embora a SRAM tenha crescido em número de usuários no país, a assistência técnica ainda está tentando acompanhar, o que já me rendeu algumas decepções quando deixei a bike em bicicletarias – mas, nada grave, pois os sistemas trabalham da mesma forma nas duas marcas, com diferença apenas em algumas regulagens.

Em contrapartida, a Shimano, já com 100 anos de existência, é quase sinônimo de bicicleta, o que faz com que sempre exista, em qualquer bicicletaria, um profissional com conhecimento no funcionamento das peças e componentes e um estoque de peças novas e usadas para substituição.

Buy Sram B-Gap Tool Red For. XX1/X01 Eagle at HBS
Se o mecânico não souber o que é isso, leve a outra oficina

Compatibilidade

Outra grande vantagem dos componentes Shimano é a conversa entre as diferentes categorias de componentes. Não é incomum encontrar uma bike com câmbio Alivio, cassete XT, pedivela Altus, trocador SLX e por aí vai.

Claro, com a adição dos grupos de 12v ao catálogo, essa compatibilidade diminuiu, pois não é mais possível usar um Altus 9v com o XT 12v. No entanto, a conversa continua entre os componentes com mesmo número de marchas.

No SRAM isso também ocorre. Todos os componentes Eagle conversam entre si, mas por ter um preço relativamente elevado e uma rede de assistência menor, pode ser mais complicado encontrar peças à pronta entrega.

Durabilidade

Um grande erro que muitas pessoas cometem ao comprar uma peça nova é achar que, quanto mais cara e melhor é uma peça, mais durável ela vai ser.

Na verdade acontece o contrário, pois cada grama de peso em um equipamento de competição de alto nível pode significar menor performance, por isso as peças são feitas com materiais mais leves, como o alumínio, que por ser um metal mais “mole” acaba se desgastando com menos tempo de uso.

Os equipamentos mais baratos usam materiais mais baratos e mais “duros” e que por isso desgastam bem menos com o tempo.

Então, qual é melhor?

Bem, infelizmente terminaremos o texto como começamos: depende.

O que mais recomendamos é um teste antes de tomar a sua decisão, pois será um investimento grande e deve ser bem pensado.

Não caia no papo de colegas e vendedores. Ambas as marcas vão entregar um desempenho fantástico se forem usadas para o que foram projetadas. Usar um Altus 27v para XCO não vai te atender adequadamente, assim como usar um SRAM XX1 para ir comprar pão vai ser dinheiro jogado fora.

Outra questão muito valorizada é o peso das peças. A diferença entre um DEORE e um XTR é gigante, mas isso faz com que o preço também seja astronômico. O mais barato no caso é fazer uma dieta e perder esses gramas de gordura. Faz bem pra saúde física e financeira, e acabará sendo muito mais benéfico.

Quanto às bikes novas que já vêm com os componentes de alguma das marcas, acredito que o conjunto fala mais alto do que os componentes do grupo sozinhos. Ou seja, é necessário avaliar a suspensão e a geometria do quadro, por exemplo, pois o grupo você acabará trocando, e ter um bom quadro faz mais diferença no longo prazo.

É isso. Acredito que tenhamos dado um pouco mais de conhecimento para que você possa pensar melhor quando for fazer a troca de grupo da magrela.

Bons pedais e até a próxima.

Fernando Correia

Apenas um rapaz latino americano sem dinheiro no bolso, mas com uma bicicleta no pé e sem muita ideia na cabeça

Comente

%d blogueiros gostam disto: