Testamos o novo Deore XT
Vocês devem ter reparado que nós e diversos outros veículos especializados e divulgadores do ciclismo estávamos fazendo um suspense danado nesses últimos dias, né? Mas a causa exigia.
A Shimano convocou toda a nação pedalística do Brasil para conferir o lançamento dos novos grupos Deore, que ocorreu simultaneamente no mundo inteiro! E nós não podíamos ficar de fora. Então, muito entusiasmados com a oportunidade, partimos em direção a São Paulo, para conferir em primeira mão essa novidade.
No primeiro dia, na reunião e apresentação na Blue Cycle (revendedora da Shimano no Brasil), fomos introduzidos ao novo grupo, às tecnologias aplicadas nele e às possibilidades de uso dos componentes. Ao fim do último slide, como um mágico que revela sua ilusão, Rubens, especialista em produtos da Shimano nos disse “ah, e ele está montado aqui nesta bike”.
O primeiro contato foi já estonteante. O desenho do disco de freio (que ajuda no resfriamento) é artístico, as aletas que “sobram” no interior do disco são de alumínio e seguem até o interior do rotor, que é um sanduíche de duas partes de inox com recheio de alumínio.
Até tentamos sair pedalando, mas fomos prontamente impedidos (risos) e avisados que o test ride seria no dia seguinte, em Mairiporã.
Acordamos cedo e partimos, então, para o trabalho. Chegando ao evento, tivemos contato com não somente os XT (montado em quadros full suspension e hardtail), mas também com as GRX (mais sobre elas em breve) e e-bikes com o sistema Steps.
O percurso era misto: um trecho em concreto e alguns trechos em terra/areia, um terreno bem paulista, diga-se de passagem.
O novo Deore
Vamos ao que interessa: o novo grupo Deore!
Depois de uma volta de aquecimento na pista de atletismo, o percurso seguia por uma subida bem íngreme em concreto, de forma a testar melhor a propagandeada “troca precisa em condições de força”. Não tive dó nem piedade: empurrei o pedal vigorosamente e acionei o trocador… todas as marchas passaram perfeitamente. Na segunda volta, forcei mais ainda e tudo fluiu perfeitamente. Ponto pra Shimano.
Se você prestou atenção nas aulas de ciência, sabe que o que sobe tende a descer, e para isso fiz o movimento inverso. Troquei rapidamente e sem engasgos as marchas para as mais pesadas, sempre forçando ao máximo, e novamente nenhum problema.
O trocador, aliás, é um show a parte, com uma pegada emborrachada adiciona um nível de conforto e segurança, e as tecnologias agregadas fazem possível subir marchas de 3 em 3 e descer até duas por vez, descer marchas, inclusive, fica mais fácil pois pode ser feito com o indicador (tradicional Shimano) ou com o polegar, empurrando a alavanca.
Então chegou a hora de entrar na terra… aí é que a verdade aparece. Na primeira volta, errei o ângulo de entrada na pista e acionei os freios… sorriso no rosto… a resposta do freio hidráulico de dois cilindros foi impressionante, corrigindo a traseira da bike rapidamente e me dando a segurança que precisava para sentar o pé. Isso não aconteceria com um freio mais “meia boca”.
A descida no terreno arenoso foi muito divertida, uma puxada no freio aqui, uma pedalada forte na retomada com troca de marcha pra complicar o trabalho do grupo ali… nada deu errado, tudo suave, e a descida final foi com sorriso no rosto e vento na cara.
Em resumo, se você procura um excelente grupo 1×12 com maior versatilidade nas subidas mais íngremes (afinal o cassete chega a 51 dentes), as primeiras impressões sobre o Deore XT nos deixaram bem otimistas, e acredito que vai satisfazer demais os entusiastas mais exigentes.
E o preço?
O valor do grupo completo ficará em torno de R$ 3.999 para o consumidor final. Mas este valor não inclui os freios.
Apenas um rapaz latino americano sem dinheiro no bolso, mas com uma bicicleta no pé e sem muita ideia na cabeça