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Pandemia derruba produção nacional de bicicletas em novembro

A pandemia afetou profundamente não apenas a saúde e o cotidiano dos brasileiros, mas também o comércio e a indústria nacional. Esta tendência também pode ser observada, é claro, no setor de produção de bicicletas.

De acordo com a Associação Brasileira dos Fabricantes de Motocicletas, Ciclomotores, Motonetas, Bicicletas e Similares (Abraciclo), a produção de bicicletas no Polo Industrial de Manaus (PIM) totalizou 63.562 unidades em novembro. O volume é 35,4% inferior ante as 98.330 bicicletas fabricadas em outubro, e 19,7% menor na comparação com novembro de 2019 (79.137 unidades). Trata-se de uma queda brusca, se pararmos para pensar que, no ano passado, nesta mesma época, o setor estava batendo recordes de produção.

No acumulado do ano, foram fabricadas 625.786 bicicletas, o que corresponde a uma retração de 30,4% na comparação com o mesmo período de 2019 (899.177 unidades).

Os impactos podem ser sentidos em todo o país, havendo falta de produtos e dificuldade de atender ao consumidor final em todas as bicicletarias. Relembre aqui.

“A queda acentuada é resultado do desabastecimento da cadeia mundial de peças e componentes. Cerca de 50% dos insumos utilizados na fabricação de bicicletas provêm de fornecedores do exterior, principalmente dos países do continente asiático”

Vice-presidente do segmento de bicicletas da Abraciclo, Cyro Gazola

Entre os principais itens em falta estão os sistemas de freios, transmissões, suspensões e selins. Gazola explica que esse problema acontece no mundo todo, devido ao fato da bicicleta ser apontada pela Organização Mundial de Saúde (OMS) como uma opção segura de locomoção para evitar o contágio pelo coronavírus. Na sua avaliação, ainda haverá dificuldades de abastecimento pelos próximos meses e a normalização deverá acontecer a partir de meados de 2021. “Será um processo gradual, que exigirá um planejamento bastante detalhado e minucioso para ajustar a capacidade de produção”, diz.

O vice-presidente do segmento de bicicletas da Abraciclo enfatiza que, apesar das dificuldades, as empresas associadas à entidade estão concentrando todos os seus esforços para suprir o mercado o mais rápido possível.

Os dados foram apresentados esta semana, durante uma entrevista coletiva concedida pela Abraciclo à imprensa especializada no setor.

Revisão das projeções

Diante desse cenário, a Abraciclo revisou recentemente suas projeções para 2020. A produção para este ano deve ser de 736 mil bicicletas produzidas, correspondendo a uma queda de 20% na comparação com o resultado alcançado em 2019 (919.924 unidades). A estimativa de produção anterior, apresentada em janeiro, no período anterior à crise da covid-19, era de 987 mil unidades.

NOVAS PROJEÇÕES DE PRODUÇÃO DE BICICLETAS
POR CATEGORIAS – PIM
CATEGORIASREALIZADO 2019NOVA PROJEÇÃO 2020VARIAÇÃO(%)VARIAÇÃO UNIDADES
MTB436.795405.000-7,3%-31.795
URBANA/LAZER337.849225.000-33,4%-112.849
ELÉTRICA2.9588.000271,9%5.042
ESTRADA9.10210.00020,9%898
INFANTOJUVENIL133.22088.000-33,9%-45.220
TOTAL919.924736.000-20,0%-183.924
Fonte: Associadas da Abraciclo

Resultados por categoria

A categoria Elétrica foi a única que registrou crescimento percentual em novembro. No total, foram fabricadas 491 unidades ante as 463 registadas em outubro, o que representa uma alta de 6%.

Já em números absolutos, o destaque foi a Moutain Bike (MTB), com 36.585 unidades fabricadas. Na comparação com outubro (46.303 bicicletas) houve queda de 21%. Esse também foi o índice de queda registrado em relação a novembro de 2019, quando foram produzidas 46.291 unidades.

Confira a seguir o comparativo de produção por categoria:

COMPARATIVO DE PRODUÇÃO DE BICICLETAS POR CATEGORIAS MENSAL PIM
CATEGORIASnovembro/19outubro/20novembro/20(novembro/20) /(novembro/19)(novembro/20) /(outubro/20)
MTB46.29146.30336.585-21,0%-21,0%
URBANA/LAZER20.22538.08214.041-30,6%-63,1%
ELÉTRICA198463491148,0%6,0%
ESTRADA955578524-45,1%-9,3%
INFANTOJUVENIL11.46812.90411.9214,0%-7,6%
TOTAL79.13798.33063.562-19,7%-35,4%
Fonte: Associadas da Abraciclo

A MTB foi a categoria mais produzida no acumulado do ano, com 335.145 unidades e 53,6% de participação. Na sequência do ranking vieram Urbana/Lazer (209.370 bicicletas e 33,5% de participação), Infantojuvenil (68.805 unidades e 11%), Estrada (8.183 unidades e 1,3% de participação) e Elétrica (4.283 unidades e 0,7% de participação).

Importação e Exportação

Em novembro foram importadas 4.337 bicicletas em todo o território nacional. Segundo dados do portal de estatísticas de comércio exterior Comex Stat analisados pela Abraciclo, esse volume é 152,6% maior que o registrado em outubro do presente ano (1.717 unidades) e 73% inferior ante as 16.058 unidades registradas no mesmo mês do ano passado.

A maioria das bicicletas veio do  continente asiático: China (2.775 unidades e 64% do total importado), Taiwan (903 unidades e 20,8%) e Camboja (361 e 8,3%).

No acumulado do ano, foram importadas 48.855 bicicletas, correspondendo a uma redução de 29,1% em relação ao mesmo período de 2019 (68.947 unidades). 

As bicicletas vieram principalmente da China. No total, foram 34.614 unidades, o que representa 70,9% do total das importações. Em segundo lugar, ficou Taiwan (8.030 unidades e 16,4% do total importado), seguido pelo Vietnã (3.108 unidades e 6,4%).

Ainda de acordo com dados do portal Comex Stat analisados pela Abraciclo, em novembro foram exportadas 686 bicicletas montadas em todo o território nacional. Na comparação com outubro (970 unidades), a retração foi de 29,3% e em relação a novembro de 2019 (2.074 unidades), a queda foi de 66,9%.

Com 424 bicicletas e 61,8% do volume total exportado, a Bolívia foi o principal destino. Em segundo lugar ficou o nosso vizinho Paraguai (250 unidades e 36,4% do total exportado), seguido pelos Estados Unidos (5 unidades e 0,7% do total exportado).

De janeiro a novembro, as exportações totalizaram 11.749 bicicletas, retração de 10,9% ante as 13.189 unidades registradas no mesmo período do ano passado. 

Os principais mercados foram os países da América do Sul: Paraguai (6.242 unidades e 53,1% do volume total exportado), Uruguai (2.140 unidades e 18,2%) e Bolívia (2.098 unidades e 17,9%).


(*) Dados do fechamento de 2019.
(**) Produção em todo o território nacional e excluídas as bicicletas infantis.

Com informações da Abraciclo.

Mayara Godoy

Minha primeira bicicleta foi uma Caloi Ceci vermelha com cestinha, quando eu tinha 4 anos. A diferença é que sem as rodinhas eu já levei vários tombos - mas também já fui bem mais longe.

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