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Vendas de bicicletas aumentaram 118% em julho

A pandemia de covid-19 nos obrigou a repensar muitas coisas. Entre elas, a forma como nos deslocamos diariamente.

Para quem não pode ficar em casa e não possui um carro próprio, com o qual possa transitar sem aglomerações, a bicicleta surge como a melhor opção de transporte cotidiano: individual, ao ar livre, e faz bem pro coração.

Isso não é novidade nem segredo para ninguém.

A novidade – e, quem sabe, a esperança – é que a pandemia tem aquecido o setor, e as vendas de bikes no Brasil simplesmente dispararam: 118% de aumento no mês de julho (em comparação com o mesmo período do ano passado), de acordo com levantamento da Associação Brasileira do Setor de Bicicletas – Aliança Bike.

Andar de bicicleta sempre foi, entre outras coisas, questão de saúde. Hoje, mais que nunca.

Os números, divulgados pela Aliança Bike, foram obtidos a partir de uma pesquisa com mais de 40 empresas associadas à entidade. Em relação ao período anterior (de maio a junho), o aumento é de 19% nas vendas de bicicletas – o que aponta para um crescimento sustentado de todo o mercado nacional.

E a tendência de crescimento do setor não é exclusividade brasileira. Pelo contrário: é uma tendência mundial. Aos poucos, com a retomada das atividades, as pessoas estão procurando um meio de transporte mais seguro, para manter o máximo de distanciamento social possível.

“De acordo com informações de lojistas, o aumento se deu especialmente porque a população procura por soluções para evitar as aglomerações do transporte público. Seguindo, inclusive, recomendações da OMS (Organização Mundial de Saúde). Neste aspecto, a bicicleta é uma excelente opção, pois tem um valor bem mais acessível do que motocicletas e ainda contribui para a saúde e para o meio ambiente, já que não poluem. As pessoas também estão procurando se exercitar de uma forma segura, com distanciamento, e a bicicleta pode proporcionar essa segurança”.

André Ribeiro, vice-presidente da Aliança Bike

O levantamento também apontou a tendência de crescimento mais focada em bikes de entrada – com valores para o consumidor final entre R$ 800 e R$ 2 mil. Porém, há ciclistas com todos os gostos e bolsos.

“Em determinados casos, o desejo de comprar uma bicicleta é tão grande que os consumidores muitas vezes aceitam investir um pouco mais em uma bicicleta. Isso tem acontecido com uma frequência maior, já que às vezes as bicicletas mais em conta acabam ficando em falta no nosso estoque por conta da alta procura”.
 

Fábio Petrillo, da Bike Runners, de São Paulo

E a tendência de crescimento nacional também pode ser observada em Foz do Iguaçu. De acordo com a sócia-proprietária da bicicletaria SuperBike, Graciele Possenti, a demanda por compras de bicicletas e também por serviços de manutenção cresceu em torno de 50%. “As pessoas estão pegando as bikes que estavam largadas em casa e colocando de volta pra rodar”, observa. Porém, ela também acredita que estes dados devem ser olhados com cautela, pois a alta pode ser só empolgação de momento.

Para Tamiles Silva, do Armazém da Bike, a impressão é a mesma. “As demandas por bikes, peças, aumentaram, mas a fabricação não está conseguindo suprir este aumento, então não estamos conseguindo atender a toda a demanda. Alguns modelos de bicicletas já se esgotaram, e só vamos receber nova remessa ano que vem”, comenta.

Para evitar o oba-oba

É claro que nós, entusiastas do ciclismo, ficamos muito animados com a notícia de que as buscas por bicicletas aumentaram. Mas, precisamos controlar as expectativas e compreender que, para que isso seja uma tendência a longo prazo, o poder público também precisa fazer sua parte.

Em diversos países, há iniciativas de incentivo ao uso da bike como meio de transporte, como auxílio financeiro para as pessoas adquirirem bicicletas, especialmente visando a um mundo pós-pandemia – mas, até o momento, não vimos proposta semelhante aqui no Brasil.

Além disso, não devemos nos esquecer que a criação de uma verdadeira cultura do ciclismo como alternativa para a mobilidade urbana passa pela reestruturação da infraestrutura das cidades, especialmente no que diz respeito à malha cicloviária.

Com o objetivo de  estimular o mercado e o uso de bicicletas no Brasil – e, consequentemente, permitir que estes novos ciclistas continuem pedalando – a Aliança Bike criou um conjunto de 10 propostas executáveis. Clique neste link para saber quais são

Nós também continuaremos acompanhando este cenário, é claro.

E você, acha que esta tendência da bike se mantém? Comente!

Mayara Godoy

Minha primeira bicicleta foi uma Caloi Ceci vermelha com cestinha, quando eu tinha 4 anos. A diferença é que sem as rodinhas eu já levei vários tombos - mas também já fui bem mais longe.

3 comentários sobre “Vendas de bicicletas aumentaram 118% em julho

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