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Quanto custa a ciclovia em que você pedala?

Para quem já subiu em uma bicicleta e experimentou dividir o espaço de uma cidade
com carros e pedestres, dizer que pedalar é um ato político pode até soar clichê. São vários os
coletivos de ciclistas lançando suas bandeiras pelos mais variados motivos. Que orgulho é ver
essa mobilização por mais segurança para as mulheres que pedalam, mais respeito pelo
ciclista, mais ciclovias na cidade, por exemplo.

Sobre as ciclovias, a malha cicloviária vem crescendo nas cidades e é algo que se pode
comemorar. Ponto para o Estado, que ouviu as necessidades da população e inseriu a pauta em
suas políticas públicas de mobilidade urbana.

Mas, você já se perguntou quanto isso custa?

Pois eu me perguntei. Saí para pedalar, encontrei uma ciclovia de malha asfáltica nova
e comemorei. A ciclovia está em uma área com duas universidades e bairros com grande
número de trabalhadores de Foz do Iguaçu. É o tipo de coisa que é feita para a população.
Não há dúvidas de que será muito utilizada e trará mais segurança e conforto para os adeptos
da bicicleta, seja por lazer ou por necessidade.

Passada a euforia inicial da novidade, vi a placa informando sobre a obra. Curiosa que
sou, parei para ler as informações. Ciclovia Av. Tarquínio Joslin dos Santos; 90 dias para
executar; aproximadamente 5,8km de ciclovia; R$ 1.207.894,08. Matemática não é meu forte,
mas em cada quilometro percorrido eu pensava: “quase 200 mil reais para eu pedalar aqui”.

Embora eu não faça ideia do custo médio de uma ciclovia (mas deveria), eu percorri
aquele rápido trecho analisando tudo, desde o que está bom até o que poderia ter sido mais
bem executado. Como a ciclovia não está completamente finalizada, achei melhor não ser tão
dura com a avaliação. Não pude deixar de notar, todavia, que a rua lateral, onde passam
ônibus e carros de trabalhadores e estudantes, não teve a mesma sorte. Ela continua sem
asfalto e com muitos buracos.

Por fim, a ciclovia terminou e eu voltei para a minha casa com a certeza de que
precisamos fazer do pedalar mais do que um ato político. Precisamos olhar para as ciclovias
como se olha para qualquer obra pública. Cobrar bons resultados. Verificar os custos.
Investigar nos portais da transparência qualquer indício de irregularidade na licitação destas
obras. É fato: precisamos colocar toda a nossa cidadania no pedal.

Francielli Brandt

Ciclista que ama nadar. Vejo política em absolutamente tudo e me iludo que sei algo sobre o assunto para dar pitaco.

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