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Especial Ciclovias – José Maria de Brito [a Ciclovia da Morte]

Encerramos hoje o nosso tour de ciclovias por Foz do Iguaçu (pelo menos até que novas ciclovias sejam construídas). Foi um rolê árduo, engraçado e revoltante. E, para fechar com chave de ouro, trouxemos a ciclovia mais comentada de todos os tempos: a da Rua José Maria de Brito – apelidada por nós, carinhosamente, de “Ciclovia da Morte”.

Brincadeiras à parte, vamos aos detalhes:

A ciclovia da José Maria de Brito tem início alguns metros acima da Av. Paraná e, a partir do semáforo de acesso à rodoviária, segue pela Avenida Ranieri Mazzilli até marginal da BR 277 (2km aproximadamente).

Já no início da ciclovia, notamos uma característica inusitada: parece até uma rampa para saltos, mas é um imenso deslocamento das placas de concreto, formando um obstáculo e tanto. Se não focar no meio da rampa, o ciclista pode bater nos degraus laterais e sofrer uma queda daquelas (clique nas fotos para ampliar).

A via segue com diversas rachaduras, quebras, muitos buracos, falhas e, onde até pouco tempo era uma parte descoberta da galeria pluvial, agora existe uma placa de concreto, que não cobre completamente a vala e é bem possível enroscar o pneu.

Logo mais à frente, observamos mais rampas e grandes quebras na pista. Mesmo durante o dia, é necessário prestar muita atenção para não se envolver em um grave acidente, pois, uma vez que a ciclovia fica no meio das avenidas, qualquer queda pode levar o ciclista para a pista de rolamento, e um atropelamento seria fatal.

Os cruzamentos também são mal sinalizados e a pintura da pista se desgastou, fazendo com cada travessia tenha que ser feita com a máxima atenção.

Notamos também que várias placas de concreto possuem quebras decorrentes da circulação de veículos mais pesados (ou as bicicletas da galera estão com a carga muito acima do recomendado…).

No semáforo de acesso à Rodoviária não existe um semáforo para os que transitam pela ciclovia. É necessário, portanto, observar a sinalização feita para os carros, e nem sempre é possível enxergar corretamente de onde virá o fluxo. Mais uma vez a pintura da pista é nula. Assim, os condutores nem têm ideia de que pode passar uma bike por ali. Perigoso, né?

No trecho da Avenida Ranieri Mazzilli, os problemas não só persistem como pioram. As rampas ficam maiores, os buracos, mais fundos, e existem diversas galerias ainda sem as tampas de concreto. E quão fundas são essas galerias? Bem… vejam nas imagens abaixo:

Aparentemente, há muito tempo tentaram instalar algum tipo de sinalização de aviso aos transeuntes, mas ela já se deteriorou e, pior: existem barras de ferro que foram usadas para esta sinalização e que agora estão completamente expostas. Como se não bastasse, são finas e quase invisíveis.

Nossas expectativas já eram baixas, mas…

Pois bem, quando iniciamos a jornada por essa via, tínhamos a esperança de que fosse bem menos do que já haviam nos alertado nos grupos de bike e nas redes sociais. Mas, não! A situação é realmente terrível e torna a via quase inútil para os ciclistas, pois, por incrível que pareça, neste caso, é muito mais seguro trafegar pela pista de rolamento, junto dos carros.

Inclusive, os pedestres que encontramos caminhando pela ciclovia nos garantiram que até mesmo andar a pé por ela é difícil. É necessário prestar atenção para não torcer o pé ou tropeçar. Os caminhantes ainda reclamaram da falta de calçadas nas margens da avenida, obrigando-os a utilizar a ciclovia para mais “segurança”. Parece até ironia, né?

Seguiremos monitorando as ciclovias e procurando as autoridades responsáveis. Esperamos que mais ciclovias sejam construídas (decentemente) e preservadas, e que mais pessoas se sintam confortáveis para pedalar no dia-a-dia, com tranquilidade e segurança.

O que achou da série de reportagens? Faltou algum trecho ou via que não citamos? Coloca aí nos comentários.

Fernando Correia

Apenas um rapaz latino americano sem dinheiro no bolso, mas com uma bicicleta no pé e sem muita ideia na cabeça

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