Diários de bicicletaEspecialParaguai

Conheça o cicloviajante Francisco Amarilla, um ícone de Foz do Iguaçu

Um ciclista solitário. É assim que se define Francisco Amarilla – mais conhecido apenas como Amarilla –, paraguaio morando no Brasil há 46 anos. Mas, por mais que ele faça suas aventuras de bike sozinho, Amarilla é o tipo de pessoa que faz amigos por onde passa.

E não poderia ser diferente em sua expedição de 2.750 km pelo interior do Paraguai. A viagem tinha um propósito: fazer pesquisa de campo e coletar histórias, imagens e informações sobre o país vizinho para escrever um livro.

Expedição ao Paraguai em 2016. (Foto: Arquivo pessoal)

Em cima de sua magrela, a Princesa Guerreira, ele passou pelos rincões mais distantes e pouco conhecidos, apreciando as paisagens e, principalmente, conversando com as pessoas.

“Sempre contando com os amigos. O Paraguai é conhecido como o país dos amigos. na base da amizade, você consegue mais que com dinheiro na mão”, ensina.

Expedição ao Paraguai em 2016. (Foto: Arquivo pessoal)

A jornada resultou no seu 22º livro: “O Paraguai que pouca gente conhece”, uma obra que ele sonhou e realizou, aliando a sua paixão pela bicicleta ao seu desejo de contar um pouco mais sobre o seu país natal.

“Foi um resgate cultural, de fotografias, informações e ouvindo o povo, a cultura, fazendo um apanhado geral sobre o Paraguai. E a bike te coloca mais próximo às pessoas. E além disso a bike te coloca mais em contato com a natureza. A saúde agradece. O meio ambiente agradece.”

A emoção de voltar à sua cidade natal. (Foto: Arquivo pessoal)

Para Amarilla, cada ponto da estrada, cada foto, tem um significado especial. “Essa foi uma foto sonhada”, diz ele, várias vezes, ao mostrar imagens de sua expedição. “Tem lugares que eu sonhei ir de bike. Chegar ali de bicicleta é motivo de lágrimas”, conta.

Simplicidade

Quando falamos em ciclismo, é muito fácil nos deixarmos levar pelo deslumbramento e pensarmos imediatamente em marcas de bicicleta, grupos, sistemas de freios, beleza (também, por que não?), entre outros aspectos que podem até atestar a qualidade da bicicleta, mas muito pouco têm a ver com o verdadeiro espírito de ser ciclista.

Amarilla deixa muito claro que a bicicleta é uma paixão, é um estilo de vida, e é estar em contato com a natureza e com as pessoas. E isso basta.

Para ele, fazer uma cicloviagem não requer equipamentos ultramodernos ou uma bicicleta top de linha. A expedição de Amarilla foi toda feita numa bicicleta comum, sem grandes recursos tecnológicos – e até mesmo sem GPS.

“Princesa Guerreira”, a companheira de viagem de Amarilla, num dia de frio de -2°C. (Foto: arquivo pessoal)

Segundo o escritor, sua viagem foi regada a “emoção, lágrimas, banana e água”. A frase, por si só, denota a simplicidade que é uma das características mais marcantes de Amarilla.

Amarilla contou sua história no último sábado, no Noves Bike Café

Conselhos

Para quem está pensando em começar a pedalar, ele dá um conselho:

Que compre a bike. Não precisa ser uma bicicleta cara. E que reconheça seus limites. Não precisa forçar. Ande um pouco, no outro dia mais um pouco. É começar devagar e respeitar o seu limite. E respeitar o trânsito. Usar os equipamentos de segurança – capacete e luzes – também. Seja amigo do trânsito e não entre em conflito.

1970 – A primeira bicicleta: uma Monark Medalha de Ouro. (Foto: arquivo pessoal)
A bike atual: Princesa Myrian II

Ao conhecermos sua história e conhecermos os detalhes de suas viagens – que ele conta com a maior alegria do mundo -, acabamos por nos lembrar qual é a essência de se pedalar, afinal. Inspirador, não é mesmo?

Mayara Godoy

Minha primeira bicicleta foi uma Caloi Ceci vermelha com cestinha, quando eu tinha 4 anos. A diferença é que sem as rodinhas eu já levei vários tombos - mas também já fui bem mais longe.

Comente