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Reportagem da RPC TV sobre o uso da bicicleta em Foz do Iguaçu

A RPC TV (afiliada da Rede Globo no Paraná) está fazendo uma série de reportagens sobre mobilidade urbana, na qual testou três modais na cidade de Foz do Iguaçu: ônibus, carro e bicicleta.

Nesta segunda-feira, no jornal do meio-dia, a repórter Bruna Kobus saiu de bike do Porto Meira com destino ao Terminal de Transporte Urbano (TTU).

De modo geral, a reportagem retratou bem as dificuldades de usar a bike em Foz: poucas ciclovias ou ciclofaixas, bem estreitas, ruas íngremes, trânsito muito complicado em alguns horários, falta de sinalização, entre outros problemas que nós bem conhecemos.

O que faltou dizer

A reportagem, obviamente, não teve como objetivo explorar todo o universo ciclístico – nem poderia -, e, sim, mostrar as dificuldades que uma pessoa enfrenta ao tentar fazer um trajeto nem tão longo de bike em Foz do Iguaçu.

Mas, quem pedala um pouco mais já conseguiria acrescentar diversos fatores que acabaram não entrando na reportagem:

Falta de respeito dos motoristas

Antes de mais nada, eu colocaria como a dificuldade número 1 em Foz do Iguaçu a falta de respeito por parte dos motoristas. Nós bem sabemos que o trânsito aqui é bem caótico, basta uma volta de 10 minutos pela cidade para presenciar diversas infrações de trânsito – desde coisas mais bobas, como não dar a seta, até motoristas que furam preferenciais, entre outras.

Normalmente, quando se pedala em grupo, várias bikes juntas fazem “volume” e “ocupam” as ruas, então, tem-se um pouco mais de respeito. Mas, qualquer ciclista pedalando sozinho torna-se imediatamente alvo de motoristas furiosos, que descontam todo o seu estresse na gente, seja em forma de buzinadas e xingões, seja tirando finas.

Lembram-se daquele episódio do desenho do Pateta? Então…

Aliás, a reportagem pontuou muito bem o desrespeito às ciclofaixas: é super comum vermos motociclistas utilizando esses espaços para “costurar” o trânsito, ou mesmo carros estacionados, obstruindo completamente a passagem.

Falta de infraestrutura adequada

Como a reportagem mostrou, em alguns trechos da cidade há ciclofaixas razoavelmente boas – é o caso da Av. General Meira, embora seja de apenas um dos lados da pista. Mas, ciclofaixas em Foz do Iguaçu são raridade, e há muitas que estão em péssimo estado de conservação (voltaremos a falar sobre isso aqui no Bicicletismo).

Vale ressaltar, também, a diferença entre ciclofaixa e ciclovia:

  • ciclofaixa: parte da pista de rolamento destinada à circulação exclusiva de ciclos, delimitada por sinalização específica (normalmente pintada de vermelho)
  • ciclovia: pista própria destinada à circulação de ciclos, separada fisicamente do tráfego comum (normalmente, separada por uma barreira física, como uma mureta, ou um meio-fio).

Desconhecimento por parte dos ciclistas

É claro que, no trânsito, cada um precisa fazer a sua parte direitinho para que tudo flua bem, e precisamos também admitir que muitos ciclistas também não seguem as normas de trânsito. Provavelmente por puro desconhecimento mesmo, ainda é muito comum vermos pessoas pedalando na contramão, sem equipamentos de segurança, do lado errado da via, ou sobre as calçadas mesmo.

O fato é que não temos educação para o trânsito o suficiente, e isso podemos observar cotidianamente. Pedestres, carros, motos, bikes, ônibus, caminhões: todos, absolutamente todos fazem parte do trânsito. E, enquanto nós não melhorarmos, não adianta apenas investir na infraestrutura. Precisamos começar pela educação da população. Ponto pra RPC por ter abordado o tema. Mas ainda há muito o que avançar.

Mayara Godoy

Minha primeira bicicleta foi uma Caloi Ceci vermelha com cestinha, quando eu tinha 4 anos. A diferença é que sem as rodinhas eu já levei vários tombos - mas também já fui bem mais longe.

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