Dicas bike

Como trocar as marchas

Quando a gente pensa em comprar uma bicicleta, normalmente surge a questão: com marchas ou sem marchas? E, obviamente, a maioria das pessoas opta pelas bicicletas com marchas. Aí, quando sai pra pedalar, vem aquela dúvida: “Mas, como se usa e para que servem essas 20 e tantas marchas?”.

Bem, tenho aqui uma má notícia para você. Não se usam todas essas marchas – e se você usa está fazendo errado.

Mas, palma palma não priemos cânico! Não é um erro instantâneo. Sua bike não vai desmontar quando atingir a 21ª marcha (ou 27ª, ou qualquer número de marchas que ela tenha). Mas, o uso incorreto contínuo trará desgaste para os componentes, reduzindo a vida útil deles e te obrigando a deixar alguns reais na oficina.

Mas, se não usamos todas as marchas, por que os vendedores insistem nesses números?

Bem, porque são vendedores. E é algo até que lógico, pois, se você tem 3 coroas na frente e 7 catracas atrás, logo (matemática avançada, pelo menos pra mim) 7×3=21, certo? Errado.

Mas, primeiro, uma aula de anatomia:

Alavancas de câmbio ou trocadores
Componentes da transmissão ou grupo

A – Catracas, cassete ou pinhão

B – Câmbio traseiro

C – Corrente ou correia

D – Coroas

E – Câmbio dianteiro

A corrente da bicicleta (ou correia para alguns) trabalha melhor quando está reta ou alinhada entre as coroas e as catracas, mas ainda assim aceita uma certa flexibilidade. No entanto, utilizando a catraca menor com a coroa menor, a corrente ficará totalmente desalinhada, isso provoca um desgaste na própria corrente, nos câmbios e nos dentes das engrenagens envolvidas – e em alguns casos a correia pode até cair.

Veja neste diagrama, meu nobre padawan, como utilizar melhor as coroas e catracas da sua bicicleta:

Fonte: http://www.revistabicicleta.com.br

Mas como sei qual marcha usar?

Essa é uma questão que tem uma resposta muito pessoal. Eu costumo dizer que depende do quão confortável você se sente, e o quão rápido quer andar.

Nas retas e descidas, costumamos usar as marchas mais “pesadas” (coroa maior e catracas menores), pois sempre que aplicamos força no pedal a velocidade aumenta e demoramos a desacelerar. Já nas subidas usamos as marchas mais “leves” (coroa menor e catracas maiores), pois precisamos pedalar mais vezes para manter a bike em movimento, e assim que paramos de pedalar a bicicleta perde velocidade rapidamente.

Uma prática aconselhável é se antecipar ao terreno, ou seja, se você vê que há uma subida daqui a alguns metros, pode pedalar mais rápido para adquirir um embalo, e quando perceber que a bike começa a perder velocidade troque para uma marcha mais leve. Mas não troque diretamente para a mais leve, vá testando uma a uma. Na próxima vez, você saberá qual funciona melhor para aquele tipo de subida.

O mesmo vale para a descida. Se você vê que há uma descida à frente, comece a trocar as marchas para uma mais pesada. Assim, caso queira pegar mais velocidade não sentirá que está pedalando no vazio.

Um problema comum é o pedal “falhar” na hora da troca, ou até a troca não acontecer. Fica aquela sensação de que a marcha está “enroscada”. Muitas vezes, isto está relacionado à força excessiva no pedal. Sempre que for trocar de marchas, tente fazê-lo sentado na bicicleta e aliviando um pouco a força da pedalada, só retomando a força quando a troca for efetuada, pois, quando a corrente está muito tensionada os câmbios não conseguem trocar as engrenagens.

Acredito ter explorado o básico da troca de marchas. Fica a lição de casa para você testar essas dicas e, caso tenha mais dúvidas deixe aqui nos comentários.

Fernando Correia

Apenas um rapaz latino americano sem dinheiro no bolso, mas com uma bicicleta no pé e sem muita ideia na cabeça

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