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Quem é o ciclista brasileiro

15 de abril é o Dia Internacional do Ciclista, mas sabemos realmente quem é essa pessoa que pedala por aí?

Quando pensamos em “ciclista”, normalmente associamos a ideia à imagem daquele ciclista uniformizado, com roupas próprias para o esporte, capacete, sinalização e uma boa bicicleta. Mas, na prática, a bicicleta vai muito além de um equipamento utilizado para o lazer ou prática esportiva.

Parece um pouco óbvio falar em bicicleta como meio de transporte, porém, devemos sempre nos lembrar de que nem todo mundo prefere a bike por questões de sustentabilidade ou de saúde, por exemplo. Há pessoas que simplesmente não têm outra opção, e aí a bike se torna um transporte barato. E é isso que a pesquisa Perfil do Ciclista 2018, realizada pela organização Transporte Ativo, juntamente com o Laboratório de Mobilidade Sustentável (LABMOB-UFRJ), nos mostra.

Dados de 25 cidades do Brasil foram utilizadas na pesquisa

A primeira edição da pesquisa foi realizada em 2015, mas em 2018 ela foi remodelada e ampliada, com uma maior variedade de dados. Vejamos os resultados:

75,8% dos ciclistas usam a bicicleta para ir ao trabalho

Fonte: Pesquisa Perfil do Ciclista

40,3% têm renda entre um e dois salários;

82,5% pedala 5 dias por semana (ou mais)

Fonte: Pesquisa Perfil do Ciclista

22,3% pedalam por causa do custo

Fonte: Pesquisa Perfil do Ciclista

Bem, com alguns desses dados, conseguimos entender um pouco sobre quem é, de fato, o ciclista brasileiro, não é mesmo? Às vezes, é aquele cara sem capacete, andando na contramão, carregando seus materiais de trabalho… sim, aquele que sempre passa invisível por nós, que é ignorado até mesmo por quem pedala – porque está fazendo “errado”.

Bem, vamos ver alguns dados mais regionais agora:

Paraná

No Paraná, duas cidades bem distintas foram utilizadas na pesquisa: Curitiba (1.917.185 habitantes) e Antonina (18.891 habitantes). Para visualizar melhor, veja o documento original:

Fonte: Pesquisa Perfil do Ciclista
Fonte: Pesquisa Perfil do Ciclista

Embora sejam cidades com populações e geografias bem distintas, alguns itens se mantêm constantes, como o alto uso diário da bike como meio de transporte; os ciclistas pedalam há mais de 5 anos; e consideram a bicicleta mais rápida e prática que outros meios de transporte.

Os problemas parecem não mudar muito também, já que muitos consideram a falta de segurança no trânsito como um problema para o uso, seguido bem de perto pela falta de infraestrutura adequada.

Quais melhorias os bicicleteiros gostariam de ter para poder pedalar mais? Claro: melhor educação de trânsito e segurança e melhor infraestrutura. (Nenhuma novidade por aqui)

Um dado interessante é que, enquanto em Curitiba, à medida que o ciclista envelhece ele deixa de pedalar, em Antonina a média se mantém: por lá, 7,2% da população pedalística possui 65 anos ou mais, contra 0,9% na capital.

Faixa etária dos ciclistas de Curitiba
Faixa etária dos ciclistas de Antonina

Conclusão

Este estudo vem mostrar como a bicicleta ainda é um meio de transporte muito usado pelos brasileiros e que, se incentivada, pode crescer muito e se tornar ainda mais popular em todas as classes.

Cenas como esta são comuns no coditiano das cidades brasileiras.

Para isso, é necessária uma extensa educação no trânsito, começando pelo próprio ciclista, que em muitos casos é imprudente – pois, além de trafegar pela contramão das vias, ainda utiliza calçadas para a locomoção. (Falamos disso no post sobre leis de trânsito, lembra?)

Um investimento massivo em vias exclusivas para bikes traria não somente a segurança necessária, mas também maior agilidade e comodidade ao ciclista, o que diminuiria também a quantidade de carros nas ruas e aumentaria a qualidade de vida dos usuários. Não é à toa que nos países mais desenvolvidos a bicicleta é sempre pensada como uma das melhores alternativas no planejamento da mobilidade urbana.

O que achou do estudo? Bate com a sua realidade? Conte para nós. E feliz Dia internacional do ciclista!

Mayara Godoy

Minha primeira bicicleta foi uma Caloi Ceci vermelha com cestinha, quando eu tinha 4 anos. A diferença é que sem as rodinhas eu já levei vários tombos - mas também já fui bem mais longe.

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